sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

TODO DIA É NOVO. FELIZ "TODOS OS DIAS"!

     Porque marcar o tempo e fazer um balanço à cada final de ano? Isto pode ser importante para determinadas atividades, mas nos dias atuais, já se faz pelo menos um à cada mês e caminhando para ser diário ou instantâneo.   É a nova escravidão! Quem discordar está ameaçado. Pobre mundo capitalista, sem nenhuma alternativa que não seja o sucesso financeiro. Cuidado, você pode ser substituído a qualquer momento! Mentira, você é único.
     Como ocidentais, somos frutos da tradição hebraico-cristã monoteísta, portanto criados a imagem e semelhança de Deus, um Deus único como cada um de nós. Mesmo que você goste da "modernidade", não se deixe levar pelas "adaptações" que os "comerciantes de plantão" estão tentando introduzir. Não é a troca de presentes no Natal, a roupa bonita e o brinde de Ano Novo que irão modificar o seu futuro. A vida segue sempre o seu inexorável curso, mais longa para alguns, curta para outros, enfim, um mistério.
     Sabemos que hoje no calendário gregoriano é 31 de dezembro de 2010, foi uma decisão tomada por terceiros e portanto arbitrária. Se nascemos com livre-arbítrio, resolvi que no meu calendário só terá "30 de fevereiro". Ao ver uma flor será primavera, uma folha caída, outono, calor, verão, frio, inverno. Sem relógio. Não preciso das horas, somente o sol e as estrelas. Para a pergunta, que dia é hoje? Apenas esta resposta: um dia novo! Portanto, um feliz "todos os dias" para todos.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A Invenção do Tempo: o Calendário

     Albert Einsten disse: "espaço e tempo são modos pelos quais o homem pensa o mundo, e não condições sob as quais ele vive". As fórmulas para contar o tempo variaram geográfica e historicamente. Alguns são baseados no movimento do Sol, da Lua, nas estações do ano, na alternância entre os dias e as noites.
     Os calendários que ainda são muito utilizados em nossos dias são o lunar (calendário islâmico), o solar-misto (calendário gregoriano) e o luni-solar (calendário hebráico).
     O calendário lunar usa a unidade de medida do tempo chamada mês baseado nas fases da Lua no céu. O período de tempo entre duas lunações tem o valor aproximado de 29,5 dias. Como o comprimento do mês lunar rapidamente se perde dentro das estações. Eles compensam isto adicionando um mês extra quando necessário para realinhar os meses com as estações.
     O calendário solar usa a unidade de medida do tempo chamada ano, que se aproxima do ano tropical da Terra (um completo ciclo das estações) para facilitar o planejamento de atividades agrícolas. O ano solar médio tem a duração de aproximadamente 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos (365,2422 dias). A cada 4 anos, as horas extra acumuladas são reunidas no dia 29 de fevereiro, formando o ano bissexto com 366 dias.
     O nosso calendário foi adotado a partir de 1582 sendo o papa Gregório XIII, o que explica o nome gregoriano.
     Após estas informações vamos aproveitar para relembrar este lindo poema de Mario Quintana.

AH! OS RELÓGIOS

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...


domingo, 26 de dezembro de 2010

PARA QUE FILOSOFIA?

  Para meus filhos, Henrique e Renato,

    Acho que foi muito ruim, para a minha e outras gerações, não termos tido a Filosofia como matéria curricular. Felizmente a disciplina voltou, mas vejo o desinteresse dos alunos. Muitos acham que é algo complicado, outros que não serve para nada e pior ainda: "Isto não interessa!".
    Pretendo fazer aqui pequenas colocações que possam despertar a curiosidade e o interesse no assunto.
    Inicialmente gostaria de lembrar que "a vontade é o princípio que rege tudo", como nos ensinou Schopenhauer em "O Mundo Como Vontade E Representação". 
    Kant, excêntrico filósofo iluminista, em "Crítica Da Razão Pura" tem trechos incompreensíveis para o senso comum, mas tem textos mais curtos acessíveis para leitores sem treino filosófico.
    Sócrates esclarece que a sabedoria não flui assim tão fácil, como se saísse de um pote cheio para um vazio. A sabedoria não se deixa ensinar. Por isso ele surpreende com o comentário: "Só sei que nada sei". Ele é o primeiro filósofo do auto-conhecimento.
    Platão no "Banquete" faz uma reflexão sobre o deus da festa, o deus do êxtase e do amor: Eros, Dionísio.
    Nietzche já nos primeiros textos reclama da discrepância entre a teoria e a prática na filosofia européia, e afirma "Não confie num pensamento que vem quando você está assentado". Ele, em "A Gaia Ciência" mostra como a educação dentro de uma sociedade orientada para o crescimento econômico é um empecilho ao desenvolvimento do "eu". Ele também escreveu: "toda formação que leva à solidão e prioriza o dinheiro e o lucro é odiosa". Infelizmente isto pode ser confirmado atualmente. Precisamos questionar nosso papel e envolvimento com essa cultura do lucro geral. Nada parece ter mudado na lógica de possuir "muito de nada", desde os tempos de Nietzche. Outra frase deste importante filósofo que gostaria de relembrar: "Sem música, a vida seria um erro". Concordo totalmente.
    Heráclito, pensador pré-socrático, conhecido como " o obscuro" falava, "eu sou um estudioso de mim mesmo" e " o todo está em cada um; cada um faz parte do todo".
    Filosofia é para Epicuro a arte de viver bem e consiste principalmente em viver sem alimentar medos inúteis.
    Montaigne não escreve para o público em geral, mas para si mesmo. "Eu não fiz meu livro mais do que meu livro me fez". Enquanto tenta escrever, elabora um sistema de anotações sobre o "eu". "Quem é amigo de si mesmo também é amigo dos outros". Ele queria fazer o auto-retrato do seu pensamento. Nos seus "Ensaios", ele narra  as experiências que viveu observando os próprios pensamentos. Escreveu: "Só é necessário ter sinceridade e coragem de enfrentar a solidão".
    Com Pirro, descobrimos o ceticismo como caminho para si mesmo. "Autocontrole demais não é vida".
    Deleuze ressalta a sensibilidade que sempre está contida no pensamento, consciente ou inconscientemente. A "Dobra" é o título de um livro sobre Leibniz. "Perceber o universo por meio de conceitos é como dobrar papel". Dobra sobre dobra, infinitamente, num movimento variado. E cada dobra é uma compressão, uma abstração do mundo. Ele nos aconselha, deixe suas idéias fluírem. "Seja um nômade do pensamento".
    Foucault, o filósofo itinerante, admitia que tinha "uma profunda incapacidade" de cultivar a arte sublime do ócio. Ele observou que o homem, após conquistar a consciência crítica, não muda necessariamente os hábitos cotidianos. A fome de poder e a fome de saber estão atreladas. "Conhecer os poderes não é o suficiente para livrar-se deles". "O saber não serve para compreender, mas para recortar".

   Para concluir: "A Filosofia nos ensina que infelizmente não há arte de viver sem mudanças".

sábado, 25 de dezembro de 2010

PORQUE É NATAL E PARA QUE PAPAI NOEL?

Porque é Natal?
Poderíamos dizer que é Natal porque o Catolicismo resolveu cristianizar as festas pagãs que os vários povos do hemisfério norte celebravam por volta do solstício de inverno. Assim sendo, deveríamos celebrar a festa em junho aqui no hemisfério sul.
As festas pagãs homenageavam o "Deus Sol" que simbolizava a "vida", isto porque sabiam que se iniciava o período que levaria aos dias mais ensolarados, período ideal para a produção de alimentos, fundamental para a sobrevivência de todos.
Porque "Renascimento"?
Após o inverno, com o retorno dos dias com um pouco mais de sol, vem a primavera, período em que as plantas que estavam como que adormecidas ganham "vida" ou renascem!
A palavra Natal vem do latim "natalis" que deriva do verbo "nascor" que tem sentido de nascer. O Cristianismo criou um Ciclo do Natal que dura 12 dias e usou citações dos Evangelhos Canônicos e Apócrifos para dar suporte e ambientação às comemorações da chegada do Messias.
Como chegar até a invenção do Papai Noel?
Inicialmente temos no século XVI, com a Reforma Protestante, o uso de pinheiros decorados na Alemanha, que se difundiu pelo mundo com a denominação de Árvore de Natal. Em muitas culturas ocidentais já existia o hábito de distribuir presentes na Véspera do Natal ou no Dia de São Nicolau (6 de dezembro) às crianças bem-comportadas. O poema de 1822, "Uma visita de São Nicolau", escrito pelo professor de literatura grega de Nova Iorque Clemente Clark Moore ajudou a divulgar a versão do bom velhinho que viajava num trenó puxado por renas e descia pela chaminé. A imagem atual do Papai Noel surgiu na América do Norte feita pelo caricaturista e cartunista político Thomas Nast e publicada na edição especial de Natal da revista Harper's Weeklys em 1886.
Para que Papai Noel?
A Coca-Cola visando promover o seu consumo que diminuía no inverno e aproveitando as cores vermelha e branca que correspondem ao seu rótulo, fez uma ampla campanha publicitária no natal de 1931 com imagens do velhinho. Estava lançada a idéia de ganhar dinheiro com esta imagem.
Isto se intensificou no decorrer dos anos, até chegarmos aos nossos dias em que o "Natal", Papai Noel, supera em muito o "Natal", chegada do Messias.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O VERÃO - VIVALDI

Quero aproveitar este espaço para mostrar formas variadas de Arte e Cultura. O calor intenso desta quinta-feira deixa bem claro em qual estação estamos. Espero que gostem desta apresentação da Orquetra Profana na V Jornada Nacional de Literatura em Passo Fundo - RS, em 1993, interpretando o 3° movimento do Verão (A Tempestade de Verão)  das "Quatro Estações" de Vivaldi com instrumentos contemporâneos.
Obs: este quadro é uma representação do "Verão" de Giuseppe Arcimboldo que se encontra no Museu do Louvre

Geração Paissandu - Paulo Fernando Henriques Britto

Deste poeta nascido no Rio de Janeiro em 12 de dezembro de 1951, gosto especialmente do poema que foi publicado em 1989 no livro "Mínima Lírica", porque ainda continuo: "só discos e lendo muito"! Em 2004 com o livro "Macau" ele ganhou os prêmios  Alceu Amoroso Lima e Portugal Telecom de Literatura Brasileira.

Geração Paissandu

Vim, como todo mundo,
do quarto escuro da infância,
mundo de coisas e ânsias indecifráveis,
de só desejo e repulsa.
Cresci com a pressa de sempre.

Fui jovem, com a sede de todos,
em tempo de seco fascismo.
Por isso não tive pátria, só discos.
Amei, como todos pensam.
Troquei carícias cegas nos cinemas,
li todos os livros, acreditei
em quase tudo por ao menos um minuto,
provei do que pintou, adolesci.

Vi tudo que vi, entendi como pude.
Depois, como de direito,
endureci. Agora a minha boca
não arde tanto de sede.
As minhas mãos é que coçam -
vontade de destilar
depressa, antes que esfrie,
esse caldo morno de vida.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

SOLSTÍCIO DE VERÃO NO HEMISFÉRIO SUL

Hoje começou oficialmente o verão no hemisfério sul e tivemos o dia mais longo do ano. Já no hemisfério norte começou o inverno e conseqüentemente o dia mais curto do ano. O clima está coerente com o nome das estações. Fico imaginando porque tantos debates sobre as mudanças climáticas se no final o nosso Planeta é muito mais poderoso e autônomo do que a pretensão dos humanos de conseguir dominá-lo. O tal aquecimento global parece que só ficou valendo para os que ficam abaixo do Equador porque acima está nevando como nunca.
Como o Cristianismo se apoderou da ancestral festa pagã do deus persa Mitra (o Sol da Virtude) ou da romana Saturnália, em honra ao deus Saturno, o Capitalismo está se sobrepondo a tudo e a todos e impondo o Papai Noel com vários atributos simbólicos e a invenção de novos hábitos que levem ao aumento das vendas e conseqüentemente dos lucros. Ainda prefiro a festa cristã e toda a música barroca para as celebrações do nascimento do Messias. Coloco aqui este vídeo de "Jesus, Alegria dos Homens" de Bach.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

RUBEM BRAGA - 12/01/1913 a 19/12/1990

Já se passaram 20 anos que o perdemos. Nascido no Espírito Santo em Cachoeiro de Itapemirim, fez Direito em Belo Horizonte, cobriu a Revolução Constitucionalista de 1932 e foi correspondente junto a Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial. Exerceu o jornalismo em várias cidades do Brasil, escreveu crônicas, criticas literárias e colaborou com inúmeros periódicos. Terminou fixando residência no Rio de Janeiro, onde veio a falecer.
Único escritor a conquistar um lugar definitivo na nossa literatura exclusivamente como cronista. Abordando sempre assuntos do dia-a-dia, falando de si mesmo, de sua infância, mocidade, primeiros amores, Rubem Braga impregna tudo que escreve de um grande amor à vida simples, não-sofisticada, dos humildes e sofredores.
Para quem quiser conhecer este magnífico cronista sugiro o livro: "200 Crônicas Escolhidas as melhores de Rubem Braga". Deste livro deixo registrado trechos escritos em setembro de 1957 de:
 "Sobre o Amor, Desamor..."
"Eles se separaram" pode ser uma frase triste, e às vezes nem isso. "Estão se separando" é que é triste mesmo.
Mas no meio de tudo isso, fora disso, através disso, apesar disso tudo, há o amor. Ele é como a lua, resiste a todos os sonetos e abençoa todos os pântanos.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Primeira Postagem - Poeta Emílio Moura

Emílio Guimarães Moura (14/08/1902 - Dores do Indaiá - 28/09/1971 - Belo Horizonte)
Três tempos

Futuro:
Desassossego no escuro.
Medo.

Presente:
Revoada de nada,
simplesmente.

E tu passado:
que fizeste deste,
coração frustrado?



Tempo

Caem as horas em nós que as impregnamos
do que a mente imagina e a alma arquiteta.
O sonho se transcende, é toda a vida,
toda a vida em si mesma; tão presente,
tão essência de tudo o que mais somos,
que o ato de viver é simples diálogo
entre o instante que chega, puro sopro,
e o que dentro de nós é eternidade.
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