PENSAMENTOS DUNETO
qualquer assunto é relevante
sábado, 14 de julho de 2012
Vida que segue...
Depois deste longo período de recuperação estou retornando lentamente com minhas atividades. Já retomei parcialmente o trabalho e estou cumprindo as determinações da fisioterapeuta e do nutricionista, além dos médicos. Ainda estou com o fôlego curto mas a sensibilidade continua intacta. Sugiro atenção ao texto que foi acrescentado a esta linda canção!
sexta-feira, 27 de abril de 2012
Em casa me recuperando e esta poesia de Vinícius de Moraes
O Haver
Vinicius de Moraes
Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
- Perdoai-os! porque eles não têm culpa de ter nascido...
Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo quanto existe.
Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.
Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.
Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir passos na noite que se perdem sem história.
Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e o mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de si mesmo e de sua força inútil.
Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.
Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser
E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.
Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante
E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.
Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória
Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.
Resta esse diálogo cotidiano com a morte, essa curiosidade
Pelo momento a vir, quando, apressada
Ela virá me entreabrir a porta como uma velha amante
Mas recuará em véus ao ver-me junto à bem-amada...
Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.
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Vinícius de Moraes
sábado, 14 de abril de 2012
sexta-feira, 30 de março de 2012
sexta-feira, 9 de março de 2012
Se você pretende
conhecer maravilhas
viajando pelo mundo,
esqueça.
Nada se compara
às que existem
dentro de você!
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sábado, 11 de fevereiro de 2012
QUALQUER DIA A GENTE SE VÊ
O beijo - Gustav Klimt |
Nestes tempos de "mundo virtual" poderemos nos ver, mas não no sentido real desta frase que significava um reencontro presencial, físico. Hoje estamos cada dia mais confinados, escravizados e mesmo obrigados a passar a maior parte do nosso tempo sozinhos, mesmo quando estamos acompanhados. Fico aguardando mudanças nas regras de convivência, uma nova fase criativa, um novo movimento de libertação, enfim, "tempos melhores" mas vejo todos cada dia mais prisioneiros de atitudes, vícios, posturas egoístas e infantis. O grande ganho material não foi acompanhado de um desenvolvimento educacional. Precisamos urgentemente estabelecer uma "etiqueta" capaz de nos fazer retornar a um grau de civilidade e gentileza compatível com esta imensa população, ou será que deveríamos ter continuado a nos alimentar com as mãos. Agora sonhamos com as "curas" mas não contabilizamos corretamente as vítimas da fome, das drogas, da violência, da prepotência e do mercado financeiro. Assisto diariamente uma preocupação com os mortos na Síria mas tenho certeza absoluta que o número de homicídios no Brasil supera em muito o daquele país. Temos governantes preocupados em desempenhar um papel no mundo esquecendo totalmente dos inúmeros brasileiros totalmente desamparados. Assisto ao advento de uma nova classe média, que prefiro chamar de medíocre, que menospreza os que permanecem nas classes sociais inferiores, vivem um estereótipo imposto e fútil. Então, QUALQUER DIA A GENTE SE VÊ e tomara que seja para construirmos algo melhor. POR QUE NADA SERÁ COMO ANTES, AMANHÃ.
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sábado, 28 de janeiro de 2012
SOMOS TODOS POETAS
Este é o título deste poema de Murilo Mendes publicado em 1938 que diz muito do que sinto atualmente. Não sei se faltam poetas ou oportunidades para poetizar.
Já não existe espaço para o sonho da epifania temos é que adquirir objetos que nos foram impingidos como o máximo que poderíamos atingir.
Mas vamos ao poema:
Somos todos poetas
Assisto em mim a um desdobrar de planos.
as mãos vêem, os olhos ouvem, o cérebro se move,
A luz desce das origens através dos tempos
E caminha desde já
Na frente dos meus sucessores.
Companheiro,
Eu sou tu, sou membro do teu corpo e adubo da tua alma.
Sou todos e sou um,
Sou responsável pela lepra do leproso e pela órbita vazia do cego,
Pelos gritos isolados que não entraram no coro.
Sou responsável pelas auroras que não se levantam
E pela angústia que cresce dia a dia.
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sábado, 31 de dezembro de 2011
Kairos vs. Chronos
Nunca gostei da imposição e compromissos marcados forçosamente pelo calendário. Hoje, com a proliferação das festas e os excessos, fico ainda mais incomodado.
O objetivo de reverenciar ou comemorar foi totalmente banalizado. Prefiro contar com a solidariedade sincera, abraço fraternal e calor afetivo daqueles que não precisam de nenhum motivo específico para se manifestar.
Não é sem razão que Jesus usa a expressão "até o fim dos tempos". Sem contar o tempo é que viveremos a eternidade.
Deixo com vocês esta canção de André Luna que é uma boa reflexão sobre este tema.
O objetivo de reverenciar ou comemorar foi totalmente banalizado. Prefiro contar com a solidariedade sincera, abraço fraternal e calor afetivo daqueles que não precisam de nenhum motivo específico para se manifestar.
Não é sem razão que Jesus usa a expressão "até o fim dos tempos". Sem contar o tempo é que viveremos a eternidade.
Deixo com vocês esta canção de André Luna que é uma boa reflexão sobre este tema.
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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
Continuar ou mudar para 2012?
Para aproveitar plenamente o som é preciso do silêncio e só valoriza a luz quem conhece a escuridão. Por isso, não faça muito barulho e nem exagere no brilho para não confirmar a sua falta de sensibilidade.
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
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